segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Polycera quadrilineata

Olá olá.


Ora cá estamos nós outra vez para dar a conhecer um dos mais bonitos nudibrânquios da nossa costa.
É branco e amarelo, com uma certa transparência... sabes como se chama?

Isso mesmo:
Polycera quadrilineata



Este nosso amigo alimenta-se de várias espécies de briozoários


A sua cor varia entre um branco transparente e o cinza ou castanho

No manto apresenta sempre pontos ou pequenas linhas amarelas 
À frente existem 4 pequenos "tentáculos" que não são tentáculos. A estes chamamos "processos". Neste caso, são processos orais, porque estão junto à boca e ajudam na captura e ingestão dos alimentos.
Estes processos orais, nesta espécie são amarelos.







Já agora, há outra espécie parecida: Polycera faeroensis... mas podem ver a diferença logo pelo processos orais. Esta espécie tem 4, a Polycera faeroensis tem pelo menos 6.


Apesar de se alimentar de briozoários, estes animaizinhos podem ser vistos a baixa profundidade em cima duma alga verde chamada Codium, como a que está nas fotografias.


Bem, amigos, não se esqueçam... estas vêem-se bem nas algas por causa do contraste :)
E decorem o seu nome:



Polycera quadrilineata




quinta-feira, 19 de julho de 2012

Felimare villafranca


Desta vez venho mostrar-te uma espécie bastante comum nas águas de Portugal.



 Chama-se Felimare villafranca (Risso, 1818) mas não tem nada a ver com Vila Franca de Xira! :)

É comprido (diz que pode atingir até 5,5cm, mas eu "acho" que já vi com bem mais).













Apresenta o manto azul (por vezes anil) com várias riscas ao longo do mesmo de cor branca e/ou amareladas.







Tem uma risca ao longo do rebordo das brânquias (as tais atrás que servem para respirar)  e outra em forma de Y ao contrário "atrás" de cada rinóforo (as tais coisas à frente por onde o nosso amigo cheira a comida).





Os ovos desta espécie são relativamente grandes e as posturas apresentam espaçamentos notavelmente maiores que as de outros.




Mas não penses em fazer omeletes com eles! Não prestam para comer.

Daqui estes pequenos seres nascem como larvas ainda com uma concha. Mas são microscópicos e irão fazer parte do plancton.

Depois crescem, perdem a concha e ficam lindos.



Apesar de ser extremamente comum nas nossas águas ainda é das espécies mais bonitas e coloridas que temos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Crimora papillata

Então desta vez, vai ser uma coisa diferente. Porquê? porque só tenho UMA fotografia... e nem por isso muito boa.

Mas depois procuras no google e verás imagens muito giras :)

Ora bem, agora vou falar-te da Crimora papillata é uma espécie muito gira de ver. A da foto encontrei-a a 8 metros de profundidade e pelo que sei... é dos que podes encontrar debaixo das rochas na tal zona intertidal, nas praias..

Ela alimenta-se de briozoários como Chartella papyracea, Flustra foliacea and Securiflustra securifrons.







O seu corpo é branco ou amarelado translúcido e mede até 3,5cm embora se vejam mais com cerca de até 2 cm e meio.

Tem uma série de pequenos tubérculos amarelados/alaranjados espalhados pelo corpo sendo que na orla que rodeia o manto concentram-se em grande número provocando como que uma linha tridimensional.

Estes pequenos tubérculos podem ser ramificados na ponta, especialmente os que se situam à frente.

As pontas dos rinóforos são pigmentadas de pontos laranjas ou amarelados :)

E pronto.. não há muito mais a dizer deste Crimora papillata


Até logoooooooo! :)























Facelina auriculata


Olá olá.


Desta vez trago outro daqueles com muitas coisas nas costas... lembras-te como se chama?

Isso, "cerata" que é o plural do termo em latim "ceras".
(sim, é esquisito... o singular acaba em "s" e o plural em "a".. mas eram romanos.. eram doidos, como diz Astérix.)

Bem...
Tão pequenina como as Flabellina ischitana que viste há uns artigos atrás, a nossa Facelina auriculata é esta:

É MESMO muito pequenina. Tive muitas dificuldades para a fotografar porque estava com uma máquina fraquinha e quando conseguir ver uma outra vez vou fotografá-la melhor. Depois coloco aqui, para verem.

Características desta espécie:

- O primeiro grupo de cerata está afastado dos restantes (mais visível na foto em baixo;

- Consegue perceber-se o esófago, a "vermelho (ok, não foi bem a cor que ficou, mas a tonalidade é realmente assim para o avermelhada), logo atrás do rinóforo esquerdo do animal. Repara na foto aqui ao lado, entre o rinóforo e as cerata: falo daquela mancha que é bem visível.;

 - Mede até 38mm de comprimento (vês? pequenina!!! A da foto media cerca de 10mm);


- As cerata são púrpuras com a ponta avermelhada e os cnidosacos brancos na extremidade

- Os tentáculos propodiais (para locomoção) e os orais são brancos;

-Os rinóforos são brancos e anelados

- Esta é das espécies que podes encontrar debaixo de rochas de grão grosso nas zonas intertidais (zonas que ficam à mostra na maré baixa e escondidas na maré cheia ;)  e em águas pouco profundas também.

Esta espécie come tubulárias e os hidrozoários Obelia geniculata e Clava sp. entre outras coisas.


Há pelo menos duas variantes desta espécie:
- a variação coronata que é "comprida" e magra com o manto a estender-se para trás muito depois do final dos grupos de cerata;
- e a var. curta cujo manto acaba muito perto do final das cerata.

Olha para a das fotos... consegues perceber que variação é?





Até amanhã!





'Felimida' krohni

Parecido com o do último post, o 'Felimida' krohni é outro dos nossos amigos que pertencia à infraordem "Dorídeos".


E digo pertencia porque recentemente estes bichinhos foram reclassificados pelas autoridades em zoologia e passaram a fazer parte de outros géneros e famílias, etc.

Nomeadamente hoje podemos dividi-los em 4 clades:
- Aeolídea
- Arminina
- Dendronotida e
- Doridacia


O nosso 'Felimida' krohni está dentro da Doridacia, e dentro dela numa outra chamada Chromodorididae

Bem, mas deixemos agora estas coisas técnicas e vamos lá ver o nosso amigo 'Felimida' krohni:


Bonito, não é? Branco, ou de corpo claro e meio translúcido, com uma orla amarela a toda a volta, com os dois rinóforos e as brânquas em tons rosados..

Quase igual ao 'Felimida' purpurea, que mostrei no último artigo com a foto na praia, mas esta espécie que mostro hoje tem uma coisa diferente: aquelas riscas no manto (ou dorso.) que o 'Felimida' purpurea não tem.

Podem ser em tracejados, como à direita em cima e à esquerda em baixo, ou em linha contínua como à direita em baixo. 















às vezes o corpo é mais púrpura, outras vezes mais claro... mas as características são sempre as mesmas:
Dois rinóforos e as brânquias atrás com manchas purpuras nas extremidades, uma orla amarela à volta do manto e as riscas ou traços brancos opacos ao longo das "costas" :)




Quando vires um... já sabes o que é! 'Felimida' krohni


Até amanhã!

sábado, 16 de junho de 2012

Chromodoris purpurea (ou "Felimida" purpurea) na praia!

Olá olá!

Hoje quero mostrar-te outro tipo de lesma do mar.
Até agora tenho mostrado Flabellinas, certo?
Aqueles, com as cerata a sair do manto ou dos pedúnculos, lembras-te?

As Flabellinas, como outras tantas lesmas do mar, pertencem a um grupo chamado "Aeolídeos.".

Este grupo, ou "infraordem" como se chama no mundo científico caracteriza-se por, entre outras coisas, os seus indivíduos terem:
- ceratas
- dois rinóforos (que servem para cheirar)
- tentáculos orais sensíveis ao toque e paladar  (e também a odores)
- olhos (muitas vezes situado atrás dos rinóforos (que vêem muito mal, coitadinhos... mais ou menos só distinguem escuro de claro)
- uns tentáculos à frente que os ajudam a mover.




Existe um outro grupo, chamado "Dorídeos". A imagem que aparece no primeiro artigo deste blogue é dum deles.

A este grupo (ou infraordem) pertence o nudibrânquio (já sabes que é assim que se chamam as lesmas do mar) que te trago hoje: 

O Chromodoris purpurea
 

Chromodoris purpurea ('Felimida' purpurea) fotografado pela
minha filha Cláudia Trindade na praia de Carcavelos em 2012
Este nudibrânquio é muito giro. Tem um corpo branco mais ou menos translúcido (significa que se for muito pequenino ainda consegues ver alguma luz através dele) e tem uma orla amarela à volta do seu manto.
Por baixo, encontras o "pé", que é assim uma coisa que parece uma ventosa e que serve para se mover, e a sua boca, onde em vez de dentes, tem uma placa parecida com uma lixa que se chama rádula.
A rádula é muito importante nas lesmas do mar, porque muitas espécies são correctamente identificadas apenas com a análise dela. Às vezes são muito parecidas umas com as outras e só vendo bem a rádula, os biólogos conseguem distinguir umas espécies das outras.

Chromodoris purpurea ('Felimida' purpurea) fotografado pela
minha filha Cláudia Trindade na praia de Carcavelos em 2012
À frente tem dois rinóforos de côr púrpura e atrás, em forma de coroa, podes ver as brânquias, que é por onde ele respira. É por causa destas brânquias não terem protecção, estarem "nuas" que estes bichinhos se chamam "nudi"+"brânquios".

As fotos que vês aqui foram tiradas na praia de Carcavelos, perto de Lisboa, numa ida à praia em Março de 2012. Na maré baixa, nas "poças" podes encontrar muitas lesmas do mar. Algumas espécies só se conseguem mesmo encontrar aí!

Nesta foto de baixo consegues ver o pé do Chromodoris purpurea a estender-se para trás dele, fazendo com que ele se desloque para a frente. As ondulações desse "pé" é que provocam o andar.

E pronto, hoje descobriste que há outro tipo de nudibrânquios: Os dorídeos.

Irei colocar muitos desta "infraordem" para tu conheceres. :)


 Até amanhã!


sexta-feira, 15 de junho de 2012

3 Flabellinas parecidas

Olá.

No meu último artigo deixei-vos com a apresentação de uma lesma do mar chamada Flabellina affinis.

Na verdade ela é muito parecida com outras duas que também encontramos nas nossas águas:


Flabellina pedata


A Flabellina pedata é esta.
Tem os tais cerata (que são aquelas coisas que crescem das costas) transparentes e podemos ver lá dentro uns "tubos" avermelhados, alaranjados ou rosáceos. Esses são parte do seu aparelho digestivo.

Nas pontas, a branco, vemos uma coisa chamada cnidosacos. Já falo mais sobre eles.
Flabellina pedata
Na parte da frente podes ver outras coisas:
Dois tentáculos bocais, estendidos para a frente e para baixo, e dois rinóforos, virados para cima

 Se reparares bem, entre a ponta dos tubos digestivos e o cnidosaco, não vês cor nenhuma. Parecem colados, certo?
Isso e os rinóforos serem lisos, é o que nos permite identificá-la como Flabellina pedata


Flabellina affinis

A Flabellina affinis é diferente. Ali entre o final dos tubos digestivos (mais avermelhados, dentro dos cerata) e os cnidosacos ( a branco nas pontas) consegues ver uma zona mais roxa, certo?

Para além disso, vês que os rinóforos são rugosos? Na verdade parece que têm uma série de anéis...
Isso identifica-nos a Flabellina affinis!





Flabellina affinis
Se vires bem, também os cerata nesta espécie não crescem mesmo directamente no manto (ou corpo). Já viste? Parece que crescem de algo que cresce do corpo. A isso chama-se pedúnculo. E os cerata crescem dele!

Vê o esquema em baixo para perceber melhor.













Depois destes dois ainda temos a Flabellina ischitana.

Só tenho uma foto dela, para já.
mas dá para ver as diferenças:
Nos cerata, os cnidosacos aparecem como que colados aos tubos digestivos, como na F. pedata.
Os rinóforos são anelados, como na F. affinis.

E assim, com estas duas características juntas num só....
Flabellina ischitana











Agora toma atenção às características que mostro no desenho.
Desculpa, foi feito "à mão..." 
Estas são algumas características deste tipo de lesmas do mar, a que chamamos aeolídeos.
Há pouco falei dos cnidosacos.
São "sacos" que alguns destes pequeninos seres usam para colocar... veneno!
Sabes que as anémonas picam, certo? Isso porque têm aquilo a que chamamos células urticantes.

Ora alguns destes "aeolídeos" conseguem fazer o seguinte: Comem as anémonas e GUARDAM essa parte delas nesses sacos.. de maneira que quando algum peixe mais malandreco lhes vai dar uma dentada.... PICA!
:)

E chamam-se cnidosacos... porque guardam essas coisas das anémonas.. que são "cnidários".

Em resumo:

  • rinóforos lisos, sem pigmentação roxa        -> Flabellina  pedata
  • rinóforos anelados com pigmentação roxa  -> Flabellina affinis
  • rinóforos anelados sem pigmentação roxa  -> Flabellina ischitana


E pronto, já aprendeste mais umas coisinhas sobre estas espécies de animais que habitam o nosso mar.
Quando os vires, na praia... já podes dizer aos teus amigos

Até amanhã!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Flabellina affinis

Olá outra vez.
Hoje, antes de ir para casa, pensei em colocar aqui para vos mostrar mais uma pequena lesma do mar (que como já sabem se chama... Nudibrânquio) que é muito comum nas nossas águas.

É um animal enorme!!!

Tem assim uns 10... milímetros!!!

Este pequeno nudibrânquio chama-se

Flabellina affinis

e quando está assim visto de frente parece mesmo uma esponja daquelas de tomar banho! Colorida!

Na realidade, aqueles "picos" não picam nada, chamam-se "ceratas" e lá dentro têm os "estômagos" dele.  Ele tem muitos estômagos... mas não é gordo!

À frente podes ver dois "corninhos" virados para cima: São os rinóforos. É por eles que ele cheira... Cheira e procura... COMIDA, para pôr.. nos estômagos!

Também à frente, mas em baixo podes ver outros dois "corninhos". São os tentáculos orais e servem pra ajudar a empurrar a comida para dentro.. mais ou menos como o garfo e faca.

Ficaste a conhecer mais uma pequena lesma do mar!

Esta foi fotografada a 29 metros de profundidade... mas há bem mais cá em cima :)


Até logo!

Olá.
Eis que começa aqui uma mostragem do que são as lesmas do mar e algumas das que temos em Portugal, continental e não só.

Sabias que as lesmas do mar se chamam "Nudibrânquios"?
É verdade.
E chamam-se assim porque têm as suas "brânquias" nuas. Entendeste? Nuas... brânquias = Nudi.. branquios.

Bom...  os nudibrânquios são seres vivos pequeninos que habitam os mares (não há nudibrânquios em água doce, por isso não os vais encontrar em barragens, nem em lagos, nem em rios)  e apesar de serem muito bonitos e inofensivos para nós, tê-los num aquário de água salgada dá muito trabalho e torna-se muito perigoso para os outros animais e plantas que lá tiveres. Isto porque quando morrem libertam substâncias que fariam muito mal aos outros seres vivos.. O mar é muito grande e nele essas substâncias são transformadas pelos seres vivos que há e dissipam-se depressa... num aquário, não.
Por isso não tenhas estas pequenas criaturas num aquário, está bem?