sábado, 7 de setembro de 2013

Elysia viridis

Olá pessoal!  Hoje trago-vos um ser muito especial. Embora seja uma lesma-do-mar, não é de facto um Nudibrânquio. Este pequeno ser é sim um Sacoglossa.

Os Sacoglossa são uma clade de pequenas lesmas-do-mar, moluscos gastrópodes marinhos que pertencem à clade Heterobranchia.
Eles "comem" a seiva de algas. 


Alguns simplesmente digerem a seiva que sugam das algas, mas em algumas espécies, como esta que vos mostro aqui, acontece que "roubam" umas células especiais chamadas cloroplastos e absorvem-nas, utilizando-as como suas. Isto é chamado cleptoplastia.

E porque é que é tão especial?

Porque elas fazem a fotossíntese!!! Sim, tal como as plantas :)
Ao roubarem os cloroplastos às algas verdes e ao absorvê-los a nível celular, elas conseguem aproveitar a transformação da luz Solar em energia, a fotossíntese, em proveito próprio e chegam a estar duas semanas sem comer, vivendo apenas de luz.

Já sabes, quando os teus professores de ciências da natureza ou de biologia falarem que a fotossíntese é algo específico das plantas, fala-lhes da Elysia viridis.

Não lhe chames "Elisa"... essas não costumam fazer a fotossíntese! :)



Encontras estes pequenos seres agarrados a uma alga chamada Codium (a que vez ali na fotografia), presente muitas vezes na praia, nas zonas que fica exposta na maré baixa. Essa zona é chamada Intertidal, por ficar entre marés.

Espreita, vai procurar. São difíceis de ver, porque a maior parte das vezes estão verdes, como as algas, e não rosadas como esta que, tadinha, já deveria ter fome de cloroplastos :)

Até logo!









segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Polycera faeroensis


Ora cá estou eu outra vez para vos trazer mais um destes pequenitos seres que vivem nas águas do nosso bonito país.

Há pouco mais de um ano falei desta espécie, quando apresentei a outra do mesmo género, Polycera quadrilineata, mas na altura não tinha nada de jeito para mostrar.

Desta vez, é também uma Polycera, mas a espécie... essa tem um nome muito giro: faeroensis!

(Mas não têm nada a ver com os faraós do Egipto. O seu nome deriva, ao que sei, de terem sido originalmente descritos nas ilhas Faroé,  localizadas no Atlântico Norte entre a Escócia e a Islândia.)

Polycera faeroensis

 


Este nosso amigo pode crescer até aos 45mm (que enorme!!!) e tem por base uma coloração branca transparente.

Fotografá-lo é muito difícil, porque o branco normalmente reflecte muito e para se apanhar bem o branco, tudo o resto fica escuro... mas com algum trabalho, consegue-se.

Este nudibrânquio tem rinóforos brancos com pontas amareladas e também as suas brânquias têm a ponta amarela.

De cada lado das brânquias têm um processo amarelo também, que nos indivíduos mais velhos e maiores pode vir a ficar achatado e apresentar pontilhados.

Os processos orais, os tentáculos propodiais e as brânquias também apresentam pigmentação amarela.
Parece que adoram uma género de briozoários denominado Crisia  como a Crisia eburnea, que temos cá, segundo o que pode ser visto aqui.

Pensa-se que também se possam alimentar de outro género de briozoários, Bugula .

Bem, até à próxima e já sabes: Atenção na praia! Eles "andam aí"!!!






 




terça-feira, 26 de março de 2013

Aplysia punctata

Olá olá.
Depois de uns mesitos sem ir à água, este fim de semana que passou achei a espécie ideal para vos mostrar.

Desta vez não vos trago uma "lesma" do mar mas sim uma LEBRE do mar.
Encontrei-o a uns 12 metros de profundidade, em Sesimbra, junto ao molhe da marina.


É a Aplysia punctata.

Na realidade é também um nudibrânquio mas este pertence a uma família (Aplysiidae) que tem umas características diferentes. Uma delas é o método de defesa, que possui, parecido com o dos polvos: Quando se sente ameaçado, pode libertar tinta para impedir o atacante de ver para onde foge.

Ou para o ver, de todo, já que a nossa Aplysia puntacta é, na realidade, uma lesma, não uma lebre, no que toca a "correr.

O curioso é que esta defesa ocorre mediada por sinapses eléctricas, que permitem que vários neurónios disparem de maneira sincronizada(Kandel et al., 2000).

De qualquer forma podes ver que o seu tamanho é algo maior do que o que tenho mostrado por aqui.

Mas tem um ar simpático e é realmente um animal muito giro de se ver:
Já agora... chamam-lhe lebre porque os seus rinóforos (lembras-te o que são?) parecem duas orelhas de lebre, por cima e por trás dos olhos, bem visíveis nesta espécie! :)



Até para a semana!